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Crise externa pesa mais que juros na Bolsa

Rentabilidade de renda fixa deve cair, mas analistas não esperam forte alta das ações. Pelas projeções da Associação, a redução da Selic fará a taxa média de juros cobrada no comércio cair de 94,49% ao ano para 93,61% ao ano

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Por Redação
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Roberta Scrivano A Bolsa de Valores não sentirá o efeito do recuo de 0,50 ponto porcentual, para 12% ao ano, da taxa básica de juros (Selic). A renda fixa (como exemplo, fundos de renda fixa e Tesouro Direto), por sua vez, pode começar a perder - de forma leve - a rentabilidade. Essa é a avaliação de especialistas em investimentos sobre a redução inesperada da Selic promovida pelo Banco Central na quarta-feira. Normalmente, quando o juro cai, quem aplica em ação vê seus recursos crescerem. Isso porque, entre outros motivos, o crédito fica mais barato o que faz empresas investirem mais - e, como consequência, ocorre a valorização das ações. Acontece que, desta vez, a situação do mercado externo é tão ruim que, dizem especialistas, a redução do juro não vai aquecer as empresas dessa forma. "A Bolsa não vai sentir absolutamente nada com essa redução", garante Willian Eid Júnior, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP). "A situação lá fora ainda vai ditar o que ocorrerá com a bolsa brasileira", completa. Desde janeiro a Bolsa de Valores de São Paulo já perdeu 16,14%. O forte recuo assusta, mas configura um bom momento para entrar nas ações. "Lembrando que a compra dos papéis deve ser bem gradativa. E, mais, daqui em diante viveremos períodos de fortes oscilações", comenta Rogério Bastos, diretor da consultoria FinPlan. Bastos completa dizendo que a aplicação em ações deve ser mantida no longo prazo. "Justamente para que não haja prejuízo", emenda. As opções de investimentos da chamada renda fixa - como é o caso dos fundos de renda fixa, DI, CDBs e o Tesouro Direto - têm a sua rentabilidade calculada em cima da taxa Selic. Portanto, quando mais alto for o juro, melhor será o retorno ao investidor. Sendo assim, se há redução da taxa, também haverá recuo na rentabilidade. Eid Júnior, da FGV-SP, porém, comenta que o recuo de 0.50 ponto porcentual ainda é muito pequeno para afetar de forma notável a rentabilidade das aplicações de renda fixa. "Agora, de bate-pronto, os títulos do Tesouro devem ter algum ajuste. Consequentemente, os fundos de renda fixa, que têm sua carteira composta por esses títulos, também terão alguma redução", avalia. "Mas isso não quer dizer que, quem tem cota de fundo ou título do Tesouro, deve se desfazer do investimento", frisa o professor de finanças da FGV. Bastos, da FinPlan, completa dizendo que os fundos DI não sentirão a queda. "Esses são mais estáveis. Não dão surpresas nem muito negativas nem muito positivas ao investidor." Anefac A redução da Selic também terá um efeito nas operações de crédito. Mas um efeito pequeno, diz a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). De acordo com a entidade, o efeito será reduzido porque "existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas cobradas do consumidor". Pelas projeções da Associação, a redução da Selic fará a taxa média de juros cobrada no comércio cair de 94,49% ao ano para 93,61% ao ano. Se isso de fato ocorrer, o consumidor que comprar uma geladeira de R$ 1,5 mil parcelada em 12 vezes terá o custo final diminuído de R$ 2.111,76 para R$ 2.107,20 (ou seja, redução de apenas R$ 4,56), segundo simulação da Anefac. / Colaborou Circe Bonatelli

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