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Opinião|Corinthians faz tudo errado: demora para demitir Luxa, amarga recusa de Tite e parte para Mano

Gestão de Duílio Monteiro Alves expõe bagunça faltando dois meses para acabar, perde timing da troca de comando e deixa elenco perdido no vestiário nesta reta final de temporada

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

O Corinthians se apequena em sua gestão há anos. É um clube sem rumo e com dirigentes perdidos no comando de uma das bandeiras mais fortes e tradicionais do futebol brasileiro. Não fosse pela sua torcida nesta temporada, o time tinha afundado em suas próprias lambanças. A última demonstração dessa bagunça foi a decisão da demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo. A troca, por si só, já é mais um absurdo ocorrer no fim da temporada. Errou na contratação e no timing da demissão. Mas isso, digamos, é meio comum aos clubes brasileiros. 

O presidente Duílio Monteiro Alves não sabe o que quer, o que está fazendo e para onde vai. Não ele, que deixa o comando do Corinthians em novembro, mas o clube. A troca de treinador acontece quando a equipe precisa somar pontos para não ser rebaixada no Brasileirão. Tem uma decisão na próxima semana que vale passagem para a disputa do título da Copa Sul-Americana. Há ainda a eleição para presidente em dois meses. Portanto, no mundo conduzido pelo timing das coisas, a direção corintiana coloca os pés pelas mãos e se afunda na desconfiança de seu torcedor. Ninguém entendeu nada.

Mano Menezes é a opção B do Corinthians após desinteresse de Tite pela vaga de Luxemburgo Foto: Sergio Neves / Estadão

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O Corinthians recebeu outra recusa de Tite, treinador que o presidente queria contratar para o lugar de Luxa. Não soube costurar a troca de comando, tampouco admitiu que poderia ter mais um convite negado pelo técnico desempregado. Jogou na confiança. Tite parece ter tudo acertado com o Flamengo, que oferece mais dinheiro e melhor elenco, mais estrutura e uma temporada, a de 2024, mais bem traçada. O Corinthians não tem nada a oferecer. Não tem Libertadores e pode disputar a Série B. Seu elenco é velho e deve ser desmanchado no fim do ano. Haverá dispensas.

Duílio ainda aceitou vender três titulares há alguns meses: Róger Guedes, Adson e Murillo. Por dinheiro. Em nenhum momento pensou na parte esportiva. E prepara a venda de Gabriel Moscardo para a próxima janela, ou a de julho, por R$ 150 milhões. O dinheiro entra, mas o time não se beneficia dele. Se Tite não dá bola para o Corinthians, o clube corre para a segunda opção, Mano Menezes, treinador regular e que também já teve seu tempo no Parque são Jorge. Ele vem de Porto Alegre para uma reunião no clube.

Antes de chegar, tem data para sair. Porque Mano é assim. Ele se desgasta com o elenco e com a diretoria. Mas é injusto da minha parte condenar antes de analisar o seu trabalho. Mas o que Mano Menezes pode fazer nesse momento do Corinthians? Se ele se acertar, de fato, o novo presidente terá de engolir sua contratação. Não é comum um cartola contratar técnico faltando dois meses para deixar o posto. Mas a gestão de Duílio é tão ruim que até isso acontece.

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Por que então ele não demitiu Luxemburgo antes, há duas semanas, antes disso até? Quando o nome de Tite voltou à tona, Duílio acordou. Ele e seus pares. Há muitos ex-jogadores no comando do clube. Todos amigos. O elenco é refém de tudo isso. Os jogadores passarão por mais uma troca de treinador, por mais uma filosofia de jogo e de comando, por mais um trabalho a ser começado na temporada que se arrasta e não acaba para o corintiano. É inacreditável que nenhum jogador reclama dessa bagunça. São eles que serão cobrados em caso de derrotas e fracassos. Mas o silêncio impera no vestiário. E olha que há atletas com muita liderança no grupo.

A diretoria não resolveu o problema financeiro do clube em sua gestão, a dívida beira R$ 1 bilhão. Não formou um elenco para 2024 e próximos anos. Não pagou o estádio. Não tem dinheiro em caixa. Está sem treinador. Pode cair no Brasileirão (acho que não cai, mas pode). Não tem a Libertadores assegurada. Não ganhou nada no ano. De fato, Duílio terá uma saída melancólica do Parque São Jorge.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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