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Opinião|Entenda a movimentação do Palmeiras contra a WTorre sobre as desavenças antigas com o Allianz Parque

Presidente Leila Pereira tira os problemas com a construtora do estádio da fervura em banho-maria e coloca em fogo alto: caminho é a separação na Justiça

Foto do author Robson Morelli

O Palmeiras declarou guerra à WTorre e não vai mais usar o seu estádio enquanto a construtora não melhorar as condições do Allianz Parque para o futebol. Vai buscar seus direitos na Justiça. Vai pedir a interdição da arena. Desde o começo da parceria, há pontos mal resolvidos entre as partes, até mesmo em presidências anteriores, mas desde que assumiu o comando do clube, Leila Pereira se empenha em resolver as pendências financeiras e de estrutura da arena e tirou do banho-maria a confusão.

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A parceria ferve como nunca antes, a ponto, conforme posição do Palmeiras deste domingo após clássico com o Santos, de Abel Ferreira ser informado que seu time não vai mais jogar no estádio da Pompeia.

A decisão é inédita porque parte do próprio comando Palmeiras. O Palmeiras abre mão do seu próprio estádio. Isso nunca havia acontecido. Jogos remanejados eram remanejados porque tinham outros eventos nas dependências da arena previamente negociados. Não é o caso desta vez. Leila afirma em nota que o Palmeiras não vai jogar mais no Allianz Parque até que a WTorre ofereça ao clube condições adequadas de jogo, e aos rivais também. Abel falou em manutenção do gramado. Há outros problemas.

Estádio do Palmeiras foi construído onde era o Palestra Itália: contrato do Allianz Parque é de 30 anos com a WTorre Foto: JF Diorio / Estadão

A movimentação do Palmeiras ocorre em um momento em que muitos no Brasil condenam o campo de grama artificial com o risco de machucar os jogadores rivais. Não há nenhuma base científica para isso, mas a enxurrada é de que as gramas sintéticas estão “matando” os atletas. A Fifa permite. A CBF não se manifesta e segue as orientações da entidade suíça. Mas não me surpreenderia se a partir disso começasse um boicote aos estádios de gramados artificiais no País. Nesse caso, o Palmeiras seria um dos vilões. Leila botou a boca no trombone para dizer que não é o clube.

O que o Palmeiras fez foi cortar da própria carne, tirar seu time de campo e o torcedor do estádio que tanto gosta. É uma decisão dura e radical. Há deveres e obrigações dos dois lados. O terreno é do clube. A construção é da WTorre. As partes assinaram um contrato de 30 anos, que só acaba em 2044. O que não quer dizer que ele não possa ser refeito. Mas isso só acontecerá na Justiça, com perdas e ganhos.

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Não há como a WTorre ficar com o Allianz sem o Palmeiras. E não há como o Palmeiras mandar na arena passando por cima da construtora. Há um impasse grave. O que Leila está fazendo é dando um xeque-mate e não abrindo mão dos direitos do clube, de todas as ordens, inclusive financeira. A WTorre sabe que tudo o que envolve o estádio dá confusão. É fato que as duas partes deixaram que a situação chegasse a esse ponto. Com a atual presidência do clube não haverá conversa. Leila exige seus direitos.

Isso explica também sua iniciativa de querer usar o estádio de Barueri. Ninguém tinha entendido direito sua intenção de injetar dinheiro naquela arena. Ela será a nova casa do Palmeiras enquanto o Allianz Parque não se resolver. Preparou o terreno para suportar a guerra. Mas se não tiver jogo, duvido que terá shows. Meses atrás, escrevi que o Palmeiras deveria comprar o estádio na Pompeia, avaliado no balanço do ano passado em R$ 425 milhões. Deve valer mais. Mas o Palmeiras só pode comprar o que está à venda. E o Allianz Parque não está. Pelo menos não por ora.

Esta guerra declarada pode mudar o cenário. Coube a Leila mover a primeira peça dessa disputa de xadrez entre o clube e a WTorre.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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