PUBLICIDADE

Vídeo ignora estatísticas da Defesa Civil gaúcha para afirmar que 300 mil pessoas ‘sumiram do mapa’

Postagem no TikTok diz que 120 mil casas foram destruídas e que as pessoas que moravam nelas não estão em abrigos nem em casas de parentes; na realidade, números mostram que há quase 650 mil pessoas fora de casa

PUBLICIDADE

O que estão compartilhando: que 120 mil casas foram destruídas no Rio Grande do Sul, mas que as pessoas que moravam nelas não foram todas para abrigos, nem estão em casas de parentes. O autor do vídeo diz que 300 mil pessoas “sumiram do mapa” e insinua existir subnotificação de mortes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. De fato, há estimativa de que mais de 100 mil casas tenham sido destruídas no Rio Grande do Sul, mas não é verdade que as pessoas que moravam nelas tenham “sumido” das estatísticas. Números da Defesa Civil gaúcha mostram que são mais de 649 mil pessoas fora de casa, entre desalojados e desabrigados. Desse total, mais de 68 mil estão em abrigos. Os demais estão em casas de parentes, amigos ou conhecidos. O número de mortes confirmadas é 161.

Postagens ignoram diferença entre desabrigados e desalojados para aumentar óbitos no RS Foto: Reprodução/TikTok

PUBLICIDADE

Saiba mais: De acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul sobre as consequências das enchentes, são 161 óbitos confirmados, 82 desaparecidos, 581.633 desalojados, 68.345 em abrigos e 2.341.060 afetados. Há uma diferença entre os termos “desalojado” e “desabrigado”. Postagens de caráter conspiratório usam a diferença entre essas duas contagens para alegar que haveria uma subnotificação de mortes.

Em um vídeo que circula no TikTok, um homem diz que cerca de 300 mil pessoas “sumiram do mapa”. “A mídia nos mostra abrigos com centenas de pessoas. Aí eu pergunto, se 120 mil casas foram destruídas e tivesse três pessoas por casa, nós estamos falando de 300 mil pessoas. Onde é que está essa gente?”, diz.

A postagem ignora, contudo, que nem todas as pessoas que estão fora de casa foram realocadas em abrigos. É por esta razão que existe uma diferença entre os termos “desabrigado” e “desalojado”. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social do RS (Sedes), desabrigados são aqueles que saíram de suas casas e estão instalados em abrigos. Os desalojados, por sua vez, são pessoas que tiveram que deixar suas residências e estão em outros locais, como casa de familiares, amigos ou conhecidos.

De acordo com o jornal GZH, os desabrigados estão sob responsabilidade do município. Esse dado se refere à “soma das pessoas em abrigos, conforme informações fornecidas diariamente pelas secretarias municipais de desenvolvimento ou assistência social e sistematizados pela Sedes”. Ao jornal, a representante da comunicação social da Defesa Civil do RS, tenente Sabrina Ribas, explicou que o número de desalojados, também fornecido pelos municípios, contabilizam aqueles que são acolhidos em lares de parentes ou amigos após saírem de suas casas.

Confira a definição dos termos segundo o Glossário de Defesa Civil Estudos de Riscos e Medicina de Desastres:

Publicidade

  • AFETADO: Qualquer pessoa que tenha sido atingida ou prejudicada por desastre (deslocado, desabrigado, ferido etc.);
  • DESABRIGADO: Desalojado ou pessoa cuja habitação foi afetada por dano ou ameaça de dano e que necessita de abrigo provido pelo Sistema;
  • DESALOJADO: Pessoa que foi obrigada a abandonar temporária ou definitivamente sua habitação, em função de evacuações preventivas, destruição ou avaria grave, decorrentes do desastre, e que, não necessariamente, carece de abrigo provido pelo Sistema.

De acordo com o Monitoramento de Abrigos de Eventos Adversos de 2024, mantido pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Rio Grade do Sul, existem 818 abrigos em atuação no Estado. São 98 cidades com abrigamento, segundo o relatório.

Vale ressaltar que há uma queda no número de pessoas em abrigos no Rio Grande do Sul. De acordo com o governo do Estado, essa redução se deve ao número de pessoas que conseguem retornar aos seus lares ou, então, que recorreram a moradias de amigos e parentes.

Como lidar com postagens do tipo: a tragédia no Rio Grande do Sul vem sendo alvo de desinformação nas redes sociais. Tenha cuidado com postagens que tentam causar pânico e gerar desconfiança. Procure informações em fontes seguras e confiáveis. Se receber algum conteúdo suspeito sobre a situação no Estado, envie para o WhatsApp do Estadão Verifica pelo número (11) 97683-7490.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.