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Morte e sumiço de generais ampliam incertezas na chefia do Exército russo

O general russo Sergei Surovikin não é visto em público desde o motim do Grupo Wagner

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Por Redação

MOSCOU — Desde o abortado motim do grupo mercenário Wagner contra o Kremlin, há três semanas, um alto comandante russo desapareceu, outro foi morto em um ataque aéreo na Ucrânia e um terceiro foi baleado enquanto fazia uma corrida.

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A insurreição de curta duração jogou mais incertezas sobre as fileiras russas, pressionadas por Moscou pelos quase 17 meses de guerra. O mistério sobre o destino do general Serguei Surovikin, ex-comandante do país na Ucrânia, apelidado de “general Armagedom” por suas táticas implacáveis, se aprofundou ontem. Ele não é visto desde a rebelião.

Um dos principais deputados do país disse, ao ser pressionado por um repórter, que o general estava “descansando”. “Ele não está disponível no momento”, acrescentou Andrei Kartapolov, chefe da comissão de Defesa da Duma (Câmara), no Telegram.

O presidente russo Vladimir Putin preside uma reunião com membros do Conselho de Segurança por meio de uma videoconferência no Kremlin em Moscou, Rússia, em 7 de julho de 2023.  Foto: ALEXANDER KAZAKOV / EFE

O general Surovikin era considerado um aliado de Ievgeni Prigozhin, chefe do Grupo Wagner, cujas forças montaram a breve insurreição no fim de junho com o objetivo de derrubar a liderança militar da Rússia, antes de desistir fechando um acordo com o Kremlin.

Segundo o New York Times, autoridades americanas acreditam que o general Surovikin tinha conhecimento prévio do motim, mas não sabe se ele participou. Nas horas após o início da rebelião, autoridades russas divulgaram um vídeo do general pedindo aos combatentes do Wagner que recuassem.

O enigmático comentário do deputado sobre o general Surovikin veio dois dias depois que as autoridades russas divulgaram a primeira filmagem do principal oficial militar do país, general Valeri V. Gerasimov, desde a insurreição.

No vídeo, o general Gerasimov estava recebendo um relatório das Forças Aeroespaciais Russas, comandadas pelo general Surovikin. Mas a pessoa que deu a atualização na filmagem foi o vice de Surovikin, o coronel-general Viktor Afzalov.

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A localização do general Surovikin é apenas um dos muitos mistérios que surgiram desde o motim. Apesar de um acordo anunciado pelo Kremlin, segundo o qual Prigozhin partiria da Rússia para a Belarus e evitaria ser processado, o magnata mercenário parece ter permanecido na Rússia.

O Kremlin divulgou no início desta semana que Prigozhin se reuniu com o presidente Vladimir Putin cinco dias após o motim, levantando muitas questões sobre que tipo de acordo foi feito entre eles.

A Rússia, enquanto isso, recebeu outro golpe em seus altos escalões militares. O tenente-general Oleg Tsokov, vice-comandante do Distrito Militar do Sul da Rússia, foi morto na Ucrânia durante um ataque de mísseis na noite de segunda-feira, 10, na cidade ocupada de Berdiansk, marcando uma das perdas de mais alto nível para a Rússia durante a guerra.

Um legislador russo e general aposentado, Andrei Gurulyov, confirmou a morte de Tsokov ontem dizendo que ele “morreu heroicamente”. A morte lembrou os primeiros dias da guerra, quando as autoridades ucranianas disseram ter matado cerca de 12 generais nas linhas de frente.

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As autoridades russas também prenderam um ucraniano ontem sob suspeita de atirar no ex-comandante de submarino russo, tenente-general Stanislav Rzhitski, no início desta semana na cidade de Krasnodar, no sul, onde ele servia como vice-diretor do escritório de mobilização da cidade.

Os meios de comunicação russos relataram que o general Rzhitski, que postou suas rotas publicamente no serviço de exercícios Strava, foi morto a tiros enquanto corria em um parque de Krasnodar.

Na terça-feira, 11, um dia após o corpo ser encontrado, a inteligência militar ucraniana disse em sua conta oficial no Telegram que o general Rzhitski havia comandado um submarino envolvido em ataques com mísseis contra a Ucrânia. Amigos e parentes, no entanto, disseram aos meios de comunicação russos que ele havia deixado o serviço militar antes da invasão de fevereiro de 2022.

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A agência de notícias estatal RIA Novosti, citando uma fonte anônima da polícia russa, informou que o homem preso na quarta-feira admitiu sob interrogatório ter sido recrutado pela inteligência ucraniana para realizar o assassinato.

O nome do general Rzhitski havia sido inserido no banco de dados online Myrotvorets, que publica fotos, contas de mídia social e números de telefone de pessoas consideradas responsáveis por crimes contra a Ucrânia. /NYT

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