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Brasil pode liderar mercado mundial de captura de carbono, dizem especialistas na Brazil Conference

Painelistas defendem uso da floresta como ativo econômico para o País

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Por Gustavo Queiroz

A capacidade do Brasil de liderar a formação de um mercado internacional de carbono foi discutida por pesquisadores e especialistas que participaram do painel “Revivendo o protagonismo brasileiro em sustentabilidade”, da 9ª edição do Brazil Conference. O evento é transmitido pelo Estadão e ocorre de forma presencial nesta sexta-feira, 31, na Universidade Harvard, e no sábado, 1º, no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Ricardo Galvão defendeu duas medidas consideradas eficazes para reverter os efeitos do aquecimento global: a implementação de esquemas de sequestro de carbono e a redução do uso de combustíveis fósseis. Para ele, o Brasil tem potencial de ser uma das lideranças mundiais nas duas frentes.

“Se continuarmos com essa taxa de aumento de CO2 (gás carbônico) na atmosfera, a probabilidade de chegarmos ao aumento da temperatura média global de 1,5º Celsius em 9 anos é de 50%. As consequências serão drásticas para o Brasil, principalmente pelo aumento da frequência de temperaturas extremas no centro-oeste”, afirmou, argumentando pela urgência de zerar a conta de carbono.

Juliana Sekula: 'Brasil tem dívida climática e social. Tem uma grande parte do nosso país que a gente não conhece'  Foto: Reprodução/Brazil Conference

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O crescimento da vegetação é considerado uma das maneiras mais eficientes de capturar e armazenar gás carbônico e, por isso, a Amazônia é vista como um ativo brasileiro para liderar este mercado.

Como mostrou o Estadão, um estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim desta década, mas esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono.

O mercado funciona com a venda de créditos de carbono por meio de soluções como a própria preservação da floresta ou reflorestamento. Outra possibilidade de as empresas lucrarem com o setor é por iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

O CEO da empresa de reflorestamento re.green, Thiago Picolo, projetou que a nova cadeira de valor alimentada pela criação de mercados de carbono vai demandar o sequestro de 200 a 300 milhões de toneladas do gás anualmente como forma de reduzir o impacto da emissão da indústria, por exemplo. Por isso, os especialistas entendem que o País tem a oportunidade de promover soluções ligada à restauração da floresta que podem contribuir, inclusive, para o desenvolvimento econômico.

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“Reforçar o papel desse setor no desenvolvimento econômico e na geração de empregos e chave para a gente conectar o nosso país com essa riqueza que a gente tem”, disse Picolo.

A autora de Brasil: Paraíso Restaurável, Julia Marisa Sekula, também defendeu que o Brasil pode deixar um legado de liderança na sustentabilidade, mas que esse cenário mudou em magnitude e escopo. Segundo ela, o clima se tornou hoje uma lente que perpassa todas as relações sociais e econômicas dos países. “A natureza nos permite entrar em setores que os outros países nem vão conseguir”, disse, a respeito do Brasil.

Ela cita como exemplo, além do potencial florestal na captura de carbono, o desenvolvimento do hidrogênio verde como forma de estocar energia. “Hoje a capacidade de estocar energia é talvez um dos assuntos mais importantes do mundo”, afirmou.

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