Com um pé em cada poder da República, Flávio Dino celebrou a aprovação ao Supremo Tribunal Federal (STF) em duas comemorações marcadas pelo esperado clima de euforia, mas também pela incerteza sobre o futuro do Ministério da Justiça. A primeira festa foi com rodada de pizzas na sede da pasta, com secretários e aliados próximos. A segunda, antecipada pela Coluna, na casa do senador Weverton (PDT-MA), com direito a costelada e presença de alguns dos fiadores de seu retorno ao Judiciário: o ministro Gilmar Mendes (STF), o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
No Ministério da Justiça, Dino afirmou aos aliados que está “muito feliz” com a aprovação no Senado. “É uma mudança muito profunda. Botar a ‘roupa do Vingador’ no armário é difícil. Mas ela está lá, qualquer hora dessa, quem sabe”, afirmou o ministro, em uma sinalização de que, apesar de trocar a política pela toga, seguirá pronto para o embate.
A metáfora sobre a “roupa do Vingador” remete a enfrentamento com o senador Marcos do Val (Podemos-ES). “Se o senhor é da SWAT, eu sou dos Vingadores”, afirmou Dino ao parlamentar, durante uma sessão na CPMI do 8 de janeiro, em referência ao grupo de personagens de super-heróis.
“Lamento muito, pois gosto muito de estar aqui, gosto muito do que eu faço. Claro que gosto muito da política”, acrescentou enquanto ele e convidados comiam pizza. Também estava na sala a suplente de Dino no Senado, Ana Paula Lobato (PSB-MA), que deverá assumir definitivamente o mandato de senadora até 2030.
Logo após a comemoração interna, Dino seguiu para a casa de Weverton, que foi o relator de sua indicação. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também passou por lá. Entre os secretários do ministério, compareceram Ricardo Cappelli (Secretaria-Executiva), Augusto Botelho (Secretaria de Justiça) e Tadeu Alencar (Segurança Pública).
Entre os presentes à costelada, circulou a percepção de que Flávio Dino não poderá ficar à frente da Justiça até sua posse no STF, em fevereiro. A avaliação é que o modelo sui generis causaria desgastes políticos. Ainda assim, poucos na festa de Weverton quiseram especular sobre o futuro ministro da Justiça.
Na manhã seguinte à aprovação no Senado por 47 a favor e 31 contra, Flávio Dino marcou três reuniões: uma com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, outra com o presidente Lula e a terceira com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em pauta, a sua sucessão na pasta.
“Um fato inusitado. Nesse momento, Flávio Dino é Ministro da Justiça, senador licenciado e ministro do STF eleito. Hoje, ele está nos três Poderes da República”, escreveu nas redes sociais o ex-deputado federal Marcelo Ramos, sintetizando a avaliação que circula por Brasília.
Em recentes conversas, Dino confessou a aliados que gostaria de ver seu secretário-executivo, Ricardo Cappelli, à frente do Ministério da Justiça, mas Lula e seu entorno não gostam da ideia. Como mostrou a Coluna, Jaques Wagner, aproveita quer emplacar no cargo Wellington César Lima e Silva, hoje Secretário Especial para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil da Presidência da República. Lula preferia alçar à Esplanada o ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski, mas ele dá sinais de resistência.