PUBLICIDADE

Suplicy desiste de ‘esclarecer’ suposta ‘mesada’ paga a Marta por Joesley Batista

Depois de ir à sede da JBS e conversar com advogado do empresário, deputado estadual Eduardo Suplicy desiste de averiguar veracidade de delação feita por ex-presidente da JBS

Foto do author Zeca  Ferreira
Por Zeca Ferreira

Depois de conversar com o advogado de Joesley Batista, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) disse que desistiu de averiguar a veracidade da delação premiada feita pelo ex-presidente da JBS em 2017. Naquela época, Batista revelou que pagava mesada de R$ 200 mil à então senadora Marta Suplicy, que, por sua vez, negou o recebimento de valores e classificou a declaração como “absurda”.

Suplicy, que foi casado com Marta por 36 anos, explicou que a iniciativa de apurar o suposto pagamento de mesada à ex-senadora foi decidida por conta própria, sem que tenha tratado do caso com outras pessoas ou com o partido. “Trata-se de uma questão muito pessoal minha”, disse ao Estadão, acrescentando que desistiu de seguir com a investigação ao saber, por meio do advogado Francisco de Assis e Silva, que Batista não falaria sobre o caso por conta do acordo de sigilo firmado com a Justiça.

Deputado estadual Eduardo Suplicy pede esclarecimento ao empresário Joesley Batista sobre acordo de delação premiada firmado no âmbito da operação Lava Jato em 2017.  Foto: Rodrigo Costa

PUBLICIDADE

“Eu respeito o devido processo legal”, disse o parlamentar, afirmando também que não pretende prejudicar a chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. Na semana passada, Marta retornou ao PT para ser a vice do líder sem-teto, após nove anos afastada da sigla. A cerimônia de filiação teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela articulação para reintegrar Marta à legenda.

Deputados estaduais do PT ouvidos pelo reportagem relataram que foram surpreendidos com a visita de Suplicy à JBS a fim de esclarecer a delação de Joesley Batista. Da mesma forma, pessoas próximas à campanha de Boulos e membros do Diretório Municipal da sigla afirmaram que tomaram conhecimento do episódio por meio da imprensa. A Executiva Municipal da sigla foi procurada, porém não retornou. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Entenda o que Joesley disse sobre ‘mesada’ a Marta

Batista firmou acordo de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato, em 2017, e fez diversas acusações contra políticos sobre, por exemplo, utilização de caixa 2 para campanhas eleitorais. Em um dos depoimentos, ele afirmou ter feito pagamento de “mesada” a Marta. Naquele momento, ela negou as acusações, chamando-as de “absurdas”.

O assunto voltou aos holofotes depois de Suplicy ir nesta segunda-feira, 5, à sede da JBS, em São Paulo, para esclarecer a delação de Batista sobre os supostos pagamentos. Batista, no entanto, não recebeu o petista, que conversou com um dos advogados do empresário. Procurada pelo Estadão, Marta informou por meio de sua assessoria que não vai comentar o caso.

Para a Justiça, o empresário alegou que Marta teria lhe pedido R$ 1 milhão para financiar campanha ao Senado em 2010. Segundo a delação, metade do valor teria sido pago por meio de doação oficial, enquanto a outra metade foi entregue em espécie.

Publicidade

Batista também revelou que entre 2015 e 2016 houve solicitações de doações via caixa 2 para a pré-campanha de Marta à Prefeitura de São Paulo. Ele mencionou, ainda, que Marta indicou seu marido, Márcio Toledo, para gerenciar a recepção dos recursos. Foram realizados, no mínimo, 15 pagamentos mensais de R$ 200 mil, afirmou o empresário.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.