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Polícia prende dois suspeitos de negociar armas furtadas de arsenal do Exército

Investigações apontam que os armamentos seriam destinados a negociações com facções criminosas em São Paulo, como o PCC, e no Rio de Janeiro, como o CV; polícia conseguiu recuperar 19 das 21 armas

Foto do author Renata Okumura
Foto do author Caio Possati
Por Renata Okumura e Caio Possati

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu em São Paulo na noite de quinta-feira, 11, dois suspeitos de negociar as armas furtadas do quartel em Barueri no ano passado. Até o momento, foram recuperadas 19 das 21 armas furtadas; duas metralhadoras ainda permanecem desaparecidas.

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“A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), realizou a Operação Tormentorum Vendito (Mercador de Artilharia) e prendeu dois suspeitos de negociar as 21 armas furtadas do arsenal do Exército em Barueri em 2023″, disse.

Dando continuidade às diligências, nesta sexta-feira, 12, os agentes cumpriram mandados de buscas e apreensão em endereços ligados à quadrilha dos dois presos e apreenderam uma pistola, dois carregadores, um rastreador, quatro carros, um caminhão, 12 telefones celulares, entre outros itens.

Ainda segundo as investigações, a equipe da DRE realizou um trabalho de inteligência, a partir de informações obtidas, e analisou um vídeo circulando na internet. Desta forma, os agentes identificaram a dupla e constataram que estaria negociando as armas para que traficantes do Comando Vermelho (CV) e milicianos utilizassem nos confrontos nas regiões da Gardênia Azul e de Cidade de Deus, na zona oeste do Rio.

“Os presos e outros investigados atuam no comércio ilícito de armas de fogo, principalmente as de uso restrito, bem como de outras práticas criminosas, como receptação e clonagem de veículos para escambo por armas com grandes fornecedores”, disse a Polícia Civil do Rio.

A dupla foi localizada em um condomínio de luxo em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, com apoio da Polícia Civil de São Paulo, por meio do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). “Uma denúncia anônima também auxiliou os agentes a localizar os acusados”, disse a polícia do Rio. Contra eles, foram cumpridos mandados de prisão temporária.

“A Polícia Judiciária Militar está em contato com a Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Rio de Janeiro, a fim de esclarecer os fatos que envolveram a prisão de um dos réus do mencionado inquérito”, acrescenta o Comando Militar do Sudeste.

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O Exército afirma que permanece atuando para a recuperação das duas armas restantes, bem como para a responsabilização de todos os envolvidos, de forma integrada com outros órgãos de segurança pública.

A Polícia do Rio encontrou inicialmente 8 das 21 metralhadoras do Exército furtadas em São Paulo Foto: Reprodução/Polícia Civil do RJ

Relembre o caso

O furto de 21 armas de guerra aconteceu entre os dias 5 e 8 de setembro do ano passado. A ausência do armamento, porém, foi notada no dia 10 de outubro do ano passado durante inspeção no quartel. O Exército alegou que o material, considerado inservível, havia sido recolhido para manutenção. Entre as armas furtadas estavam 13 metralhadoras calibre .50, de alto impacto, e oito fuzis 7,62 mm.

As investigações apontam que os armamentos seriam destinados a negociações com facções criminosas em São Paulo, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), e no Rio de Janeiro, como o CV.

Durante a investigação, ainda em 2023, o Comando Militar do Sudeste chegou a manter cerca de 500 militares aquartelados em Barueri.

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Em 21 de outubro do ano passado, quando o secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacou que 17 dos 21 armamentos subtraídos do Arsenal de Guerra tinham sido recuperados, a informação era de que, do total, oito metralhadoras furtadas tinham sido encontradas pela Polícia Civil do Rio. Na época, as armas estavam a caminho do Comando Vermelho (CV), principal facção criminosa da capital carioca.

Antes de serem encontradas em um carro estacionado na entrada da Gardênia Azul, comunidade que fica ao lado da Cidade de Deus, as armas passaram pelo Complexo da Penha, na zona norte, e a favela da Rocinha, na zona sul. Todas as áreas são controladas pelo CV.

Na época, a polícia de São Paulo também encontrou em lamaçal mais nove metralhadoras furtadas do quartel do Exército de Barueri.

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Já no início de novembro do ano passado, mais duas metralhadoras calibre ponto 50 foram recuperadas, na Praia da Reserva, na mesma região, de acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

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