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Márcio França tenta levar agência ligada à indústria para ‘engordar’ novo ministério

ABDI, hoje vinculada ao MDIC, é disputada também pelo Republicanos e tem orçamento de R$ 160 milhões por ano

Foto do author Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA - Retirado do Ministério de Portos e Aeroportos para ceder lugar ao Centrão no governo Lula, Márcio França quer puxar a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para a nova pasta de Microempresas e Empreendedorismo, que ele vai chefiar.

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A agência é cobiçada por comandar um orçamento em torno de R$ 160 milhões por ano e que não sofre com as intempéries dos cortes orçamentários porque recebe uma fatia fixa da arrecadação da Cide, tributo que incide sobre o preço dos combustíveis.

França, que é do PSB, deseja fazer o novo presidente da agência, com o fim do mandato do então chefe da ABDI, Igor Calvet, encerrado no último dia 3. Ele presidiu a ABDI desde o início do governo Jair Bolsonaro. De perfil técnico, Calvet chegou ao posto após trabalhar no MDIC com Marcos Pereira, presidente do Republicanos, que atua nos bastidores para manter a agência sobre o controle da sigla.

Márcio França quer puxar a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para a nova pasta de Microempresas e Empreendedorismo, que ele vai chefiar. Foto: Marcelo Chello/Estadão

O Estadão apurou que há dois nomes na lista de candidatos sugeridos por deputados do Republicanos do Nordeste, mais afeitos ao governo Lula. Embora tenha assumido o Ministério dos Portos, o partido do Centrão rejeita a ideia de ter aderido à base governista e diz manter o que chama de “independência colaborativa” com Lula.

A recondução de Calvet também é aventada, mas perdeu força em razão de diferenças dele com o vice-presidente Geraldo Alckmin e por planos do executivo na iniciativa privada.

França, por sua vez, ainda não apresentou candidatos, mas a aposta é que sugira nomes da política paulista, próximos tanto dele quanto de Alckmin, que também é do PSB. Um dos citados nos bastidores é o do advogado Anderson Pomini, que atualmente controla o Porto de Santos e pode ser desalojado na nova administração do Ministério dos Portos.

Nova pasta

A disputa pela ABDI é um efeito secundário da reforma ministerial de Lula, que fez com que fosse criada uma 38ª pasta para abrigar Márcio França. Um dos mentores da chapa Lula-Alckmin, França deixou o Ministério dos Portos a contragosto e ainda tenta entender o que será da nova pasta que assumirá.

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O nome desagradou a sua equipe, que não conseguiu emplacar “economia criativa” no título, pois já existe uma secretaria com o mesmo nome no Ministério da Cultura. Prevaleceu o que foi ditado pela burocracia: Ministério do Empreendedorismo, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

O que se aventa até agora é que França absorverá duas secretarias do MDIC, além da ABDI. Ele também tem interesse em entrar no Sebrae, onde tinha planos de ocupar a diretoria de administração e finanças, a cargo de Margarete Coelho, cotada para a Caixa. Mas a indicação dela, que é do PP, perdeu força nesta semana, segundo fontes no Palácio do Planalto e no partido de Arthur Lira (PP-AL).

‘Neoindustrialização’

Para além da questão política, há 15 funcionários da ABDI atuando hoje no CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial), que teve os membros do setor privado anunciados em junho. Em outubro está previsto o início das reuniões setoriais do conselho.

É neste fórum onde o MDIC debate a nova política industrial, batizada de “neoindustrialização”. O plano de Alckmin é apresentá-la até o fim do ano.

“A ABDI é fundamental, tem a estrutura para dar agilidade à construção da política industrial. Deve ser mantida no MDIC e tem que ter esse foco”, afirma Reginaldo Arcuri, presidente do Grupo Farma Brasil, que reúne os maiores produtores da indústria farmacêutica. Arcuri presidiu a ABDI de 2007 a 2011. “O conceito de neoindustrialização é muito bom mas tem que ter instrumentos para viabilizar isso”, diz Arcuri.

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