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Conheça a empresa que ajuda gigantes da alimentação a tornar seus produtos mais saudáveis

Foodtech chilena NotCo criou uma joint venture com a Kraft Heinz; parcerias com grandes empresas aceleram o desenvolvimento de versões vegetais de produtos tradicionais, como creme de leite, whey protein e creme de queijo

Foto do author Carlos Eduardo Valim
Foto do author Lucas Agrela
Atualização:

Fundada há oito anos para desenvolver alimentos industrializados à base de plantas, utilizando compostos criados por uma plataforma de inteligência artificial, a foodtech chilena NotCo está passando por uma transformação em seu modelo de negócios. Reconhecida como a startup mais inovadora da América Latina pela revista americana Fast Company em 2021, a empresa agora oferece sua tecnologia para grandes companhias globais de alimentos, como a americana Mars, a mexicana Bimbo (que recentemente anunciou a aquisição da brasileira Wickbold) e a italiana Ferrero, ajudando-as a criar versões mais saudáveis de seus produtos tradicionais.

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Esse movimento ocorreu após a NotCo formar, dois anos atrás, uma joint venture com a Kraft Heinz, com o mesmo foco. A parceria resultou em produtos como o NotPhiladelphia, uma versão vegetal do tradicional creme de queijo Philadelphia. Batizada de The Kraft Heinz Not Company, a empresa serviu como uma validação da ideia de que grandes fabricantes de alimentos podem aproveitar a tecnologia desenvolvida pela NotCo. “A Kraft Heinz levava, geralmente, três anos para desenvolver um novo produto. E conseguimos, em um ano e meio, criar oito novos”, afirmou ao Estadão o co-fundador da empresa chilena Matías Muchnick.

A diferença para os novos projetos é que, agora, não envolvem a criação de uma joint venture para atuar em conjunto com a NotCo. A startup simplesmente vende o direito de uso de sua plataforma, batizada de Giuseppe, no modelo de software como serviço. É um modelo de negócios que traz maior lucratividade do que criar e lançar os próprios produtos.

“Começamos há um ano e meio esse projeto de nos transformar numa empresa de tecnologia. Criamos uma divisão para atuar com software como um serviço”, explicou Muchnick, que fundou a NotCo com os chilenos Karim Pichara e Pablo Zamora, enquanto estudavam nos Estados Unidos. Ele admitiu que, no início, houve receio sobre se estariam realmente prontos para atuar como uma empresa totalmente voltada à tecnologia. “Tivemos medo, mas pensamos: se não começarmos agora, quando será o momento?”

Matías Muchnick, cofundador da startup chilena NotCo Foto: Divulgação NotCo

Desde a sua criação, a NotCo utiliza inteligência artificial para criar produtos com base vegetal para substituir carnes, maionese e leite. O trabalho é feito com a combinação de mais de 2 mil ingredientes cadastrados na plataforma Giuseppe para atingir gosto e textura similares aos de produtos de origem animal.

As fórmulas são combinadas até atingirem um resultado satisfatório, sendo então submetidas a testes com o público antes de se tornarem produtos finais, como o NotMayo, NotMilk, NotCreme de Leite e o mais recente NotShakeProtein. No Brasil, a NotCo já firmou parcerias para comercializar seus produtos em redes de varejo, como o Pão de Açúcar.

Segundo Muchnick, em cinco anos, metade das receitas da NotCo devem vir da nova divisão. A preparação para o novo projeto começou há um ano e meio. No mesmo momento em que estabelecia a parceria com a Kraft Heinz, a startup levantou US$ 70 milhões (cerca de R$ 367 milhões, no câmbio da época) para acelerar o desenvolvimento de sua unidade de atuação com empresas.

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A rodada foi liderada pela Princeville Capital, e contou com a participação de nomes como os do fundador da Amazon, Jeff Bezos, por meio da Bezos Expeditions, do CEO do Mercado Livre, Marcos Galperin, e dos fundos Tiger Global, L Catterton, Kaszek Ventures, Future Positive e The Craftory.

No ano anterior, em 2021, a NotCo já havia se tornado um unicórnio, nome dado a empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão (R$ 5,59 bilhões, pelo câmbio desta sexta-feira, 6), e atraído outros investidores conhecidos, como os dos fundadores do Twitter, Jack Dorsey, e do Airbnb, Joe Gebbia, além dos esportistas Roger Federer e Lewis Hamilton. Atualmente, está avaliada em US$ 1,5 bilhão (R$ 8,3 bilhões).

NotMilk é o primeiro produto da chilena NotCo a chegar aos EUA Foto: NotCo

Atuação no Brasil

No mundo, a NotCo tem cerca de 400 funcionários, entre os quais 150 atuam em áreas ligadas ao desenvolvimento de produtos ou tecnologia. O Brasil, um dos principais mercados da companhia chilena, ganhou uma nova liderança recentemente. Com experiência em empresas como KotaKi, Mondelez e Philip Morris, André Weinmann assumiu neste ano a presidência da NotCo no Brasil, posto antes ocupado por Maurício Alonso desde 2021.

A missão do executivo é ampliar a presença do produto tanto em mercados de grande porte quanto em regionais. Com a criação mais recente da empresa, uma mistura proteica sem ingredientes de origem animal chamada NotShake, a companhia também coloca na mira as lojas especializadas em produtos naturais em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Sul do País.

André Weinmann assumiu neste ano a presidência da NotCo no Brasil Foto: Divulgação/NotCo

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“Esse é um produto de extrema importância, pois atende a uma necessidade crescente do consumidor. O mercado de proteínas faz parte do cotidiano, seja para quem pratica esportes ou para quem trabalha o dia todo e busca uma bebida proteica. Esse segmento cresce em dois dígitos ao ano”, explica Weinmann. Ele acrescenta que o NotMilk High Protein levou 10 meses para ser desenvolvido, enquanto o NotShake foi criado em apenas quatro meses. “A IA ajuda muito a melhorar versões anteriores dos produtos e no desenvolvimento de sabores que uma empresa tradicional teria dificuldade em explorar, como tâmara com morango”, destaca Weinmann.

Atualmente, o produto é o único nas gôndolas de supermercados que tem 4,5 vezes mais proteínas do que carboidratos na composição. Em 250 ml, são 16 g de proteína para 3,5 g de carboidrato. “Nenhum consegue ter a entrega equilibrada com baixa caloria e alta proteína, porque são produtos de origem animal. Fazemos combinações de moléculas, enquanto as tradicionais fazem combinações de ingredientes”, diz o executivo. Um dos novos objetivos da empresa é não só simular produtos de base animal, como também aumentar os benefícios mais nutritivos e sensoriais das alternativas de origem vegetal.

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