Produtos brasileiros vão se tornar menos atrativos comercialmente com tarifas, diz setor de alumínio

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio, efeitos imediatos serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros ao mercado norte-americano

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Foto do author Talita Nascimento
Atualização:

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifestou em nota preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que pretende impor um acréscimo de 25% sobre as importações de alumínio. Para a entidade, os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado.

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A associação pondera que, apesar do anúncio público da medida feito na noite de segunda-feira, 10, o Decreto Executivo com os detalhes das medidas a serem aplicadas sobre o alumínio ainda não havia sido publicado no site do governo americano até o momento do posicionamento.

“O governo americano confirmou que a sobretaxa existente de 10% da Seção 232 passará para 25% a partir de 12 de março, não havendo exceções ou isenções para nenhum país”, reiterou nota da Abal. Na medida anterior (Seção 232, imposta em 2018), os Estados Unidos aplicaram tarifas de 25% sobre importações de aço e 10% sobre importações de alguns produtos de alumínio. No entanto, no caso do alumínio, alguns países receberam isenções totais (Canadá, México e Austrália) ou foram incluídos em acordos de cotas (Argentina, União Europeia e Reino Unido).

Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio em 2024 Foto: Sergio Roberto Oliveira/Estadão

“Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa”, afirma a associação.

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Embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos 1%, os Estados Unidos é um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal — o que movimentou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024.

Em termos de volume, os Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas das exportações estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume.

A Abal avalia ainda que produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de “produtos a preços desleais”.

“Esse cenário reforça a necessidade de ampliarmos as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional”, afirma a Abal.

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A entidade diz ainda que está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo.