MILÃO - Um dos aspectos mais estimulantes da Semana de Design de Milão é a possibilidade de entrar em contato – ao mesmo tempo e em um só lugar – com a novíssima geração de talentos do design internacional. São estudantes ou profissionais em início de carreira, das mais variadas origens, que, de modo independente, produzem um pouco de tudo: de móveis criativos e eficientes até propostas das mais inusitadas.
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A maior concentração de marcas pode ser encontrada no Salone Satellite (Salão Satélite), espaço dedicado a designers com menos de 35 anos e a instituições de ensino de todo o mundo e que acontece dentro do recinto do Salão do Móvel de Milão. Mas o “sangue novo” também aparece em muitas das mostras do circuito FuoriSalone, com destaque para a Alcova, uma megaexposição que ocupa instalações e prédios históricos nos arredores de Milão.
“Colocamos este satélite em órbita porque acreditávamos nos jovens e no futuro que eles representavam. E qual lugar seria mais adequado para comunicar o design jovem do que o Salão do Móvel de Milão?”, conta a idealizadora do Salão Satélite, Marva Griffin Wilshire. “Hoje, as comunicações digitais são tantas, mas estabelecer um contato ao vivo com uma grande marca é fundamental. Esse encontro que se dá entre o produtor e o designer foi essencial na carreira de muitos designers do mundo inteiro. O Satélite é um ponto de contato que faz dessa conexão um organismo vivo, capaz de germinar e dar frutos”, emenda Beppe Finessi, curador do espaço, que comemora 25 anos na Triennale di Milano.
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Segundo Tânia Lopes Wrinkler, coordenadora do curso de design de interiores do Royal College of Arts de Londres e responsável pela representação da instituição no Salão Satélite deste ano, os jovens estão, ainda que de forma não organizada, redesenhando o mundo. “A eles, mais do que um visual atraente ou o valor agregado a um móvel, interessa voltar às bases, responder a questões como a crise climática e, fundamentalmente, o reúso dos materiais. Características essas bem presentes na produção de nossos designers” pontua.
Visibilidade entre os grandes
“O Salão Satélite é uma janela para o mundo do design e acredito que participar do evento é o sonho de todo jovem designer. Minhas duas passagens por lá foram marcos na minha carreira e me abriram muitas portas. Graças ao evento, tive a oportunidade de conhecer muita gente e já fui chamado para galerias em Nova York e Londres”, conta o designer alagoano Tavinho Camerino, que este ano leva o banco Ciça, da coleção Taboa, para a Coccoloba – Brazilian Exhibition, mostra da ApexBrasil que reúne o trabalho de 53 empresas e designers brasileiros.
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Recém-chegado ao Satélite, o designer carioca Victor Xavier, de 29 anos, apresenta a cadeira LT, peça desenvolvida a partir de resíduos encontrados no lixo. O modelo foi um dos selecionados para a exposição Brasil Design Talents. “A exposição vai trazer mais atenção e interesse pelo trabalho que tenho desenvolvido. É uma grande chance de mostrar novas possibilidades, de pensar materiais de forma diferente e inovadora”, conta Xavier.
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Jovens talentos húngaros
Uma das galerias mais cultuadas de Milão, Rossana Orlandi, que sempre levou bastante a sério o poder do jovem design, este ano resolveu voltar seus olhos para a Hungria. Um grupo de talentosos profissionais húngaros foi selecionado para a exposição Design Walk in Budapest, que revela a rica e criativa tapeçaria do país da Europa Oriental.
De marcos arquitetônicos icônicos a expressões de design de vanguarda, a exposição reinterpreta a essência de uma cidade em constante mudança, por meio do trabalho de jovens designers, como o Pócs Judit Studio, que apresenta a linha Silent Stones. Liderado pelo casal de artistas Judit Tóth-Pócs e Roland Tóth-Pócs, o projeto mais recente da dupla apresenta painéis que lembram pele de elefante, feitos com madeira compensada e concreto.
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Já a Komok, também presente na mostra, é uma marca de mobiliário e design que prioriza a sustentabilidade e a qualidade em colaborações com designers e oficinas. Os fundadores adotam uma abordagem holística, combinando soluções formais e estruturais. A coleção em exposição explora o conceito diagonal, simbolizando a desenvoltura por meio da geometria lúdica.
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Moda
Engana-se, porém, quem pensa que toda a efervescência jovem fique restrita às galerias de vanguarda. Marcas de peso do universo da moda, como Dolce & Gabbana, por exemplo, já começam a olhar com atenção para designers com pouca ou quase nenhuma experiência.
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Caso de Hanna Lim, uma artista londrina interessada em escultura e design e uma das convidadas da célebre grife italiana para o projeto Gen D. A iniciativa chega este ano à segunda edição e pretende valorizar trabalhos que dialoguem com diversas disciplinas. Da moda ao design, passando pela arte. “Sustentar e promover a nova geração significa investir no futuro, o que, pra nós, sempre foi e será uma prioridade” afirma Domenico Dolce, um dos fundadores da marca.