Análise|Dorival sinaliza renovação na seleção brasileira, mas ainda se apega a Neymar

Técnico convocou jovem Estêvão, de 17 anos, e garantiu que Neymar volta a defender a seleção após se recuperar de lesão

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Atualização:

Conforme o Estadão mostrou, Dorival Jr. mudou em 26% a sua primeira convocação da seleção brasileira após o fracasso na Copa América, há quase 2 meses. É inegável que Dorival tem demonstrado esforço em renovar o time.

Dorival Jr. com o escudo da CBF ao fundo em convocação da seleção brasileira Foto: Mauro Pimentel/MAURO PIMENTEL

A convocação de Estêvão, do Palmeiras, de 17 anos, pela primeira vez vestindo a camisa da seleção brasileira, mostra isso. Endrick, hoje no Real Madrid, já fazia parte do elenco antes mesmo de atingir maioridade. Nomes que não são veteranos, mas que já faziam até parte do ciclo com Tite, como Gabriel Martinelli, Bremer, Raphinha e Douglas Luiz foram deixados de lado desta vez.

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Mas não adianta Dorival Jr. convocar Endrick e Estêvão, dois dos talentos mais promissores do futebol do Brasil desde Neymar, se não colocá-los para jogar.

Com Endrick, Dorival demorou a se convencer de que o atacante tinha de figurar entre os titulares, mesmo com o Brasil jogando sem alguém de ofício entre os 11. Apenas no jogo da eliminação da Copa América, contra o Uruguai, o técnico colocando a joia da base palmeirense. E, em um time que o próprio Dorival não conseguiu arrumar, não funcionou.

A justificativa de Dorival para Endrick, que já estava provado atuando no futebol brasileiro, era de que “um erro pode ser fatal” com alguém tão jovem. Mas vimos também no mês passado que talvez o técnico devesse arriscar mais com os garotos. Se confia neles a ponto de convocar precocemente é porque acha que eles têm condições de entrar em campo e decidir.

E o maior exemplo disso foi Lamine Yamal. Aos 16 anos, mais jovem do que Estêvão hoje, o ponta já foi escalado como titular da seleção da Espanha na Eurocopa desde o primeiro jogo. E ele fez gol na semifinal e foi decisivo no jogo que deu a taça contra a Inglaterra em Berlim.

A situação do Brasil nas Eliminatórias é delicada. O País está em sexto, neste momento com a última vaga na Copa do Mundo de 2026. Apesar do sufoco inicial devido às constantes trocas de gestão, será preciso uma catástrofe para o Brasil conseguir ficar entre os 3 piores times da América do Sul no torneio. E se os jovens não podem ser colocados em situações grandes assim, Yamal mostrou que esse tipo de pensamento é errado.

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Mas mais do que olhar para o presente, Dorival precisa se desapegar do passado. Ele falou com todas as letras que Neymar, fora de combate desde outubro após lesionar os ligamentos do joelho, tem seu lugar garantido na seleção contanto que esteja saudável.

Neymar terá 34 anos na Copa do Mundo de 2026. E é preciso revisitar um passado cada vez mais distante para resgatar o último período em que o jogador de fato teve relevância no futebol mundial. Ele foi para o futebol saudita e mal conseguiu atuar por lá desde que chegou, há mais de 1 ano.

O camisa 10 cada vez mais figura em polêmicas do mundo das fofocas e menos com coisas relacionadas ao futebol. Nesta semana, Neymar foi campeão mundial de um torneio de eSports do game Tekken.

Não cabe a ninguém julgar qual o foco de Neymar, mas fica evidente que ele está longe do futebol. E a seleção brasileira precisa de compromisso e atletas que estejam sintonizado com o melhor futebol praticado no planeta. É hora de Dorival dar mais espaço para Endrick e Estêvão e deixar Neymar de lado.

Análise por Gustavo Faldon

Editor de Esportes do Estadão. Já cobriu Copas do Mundo, Olimpíadas, Super Bowls, UFC, Fórmula 1, NBA e muitos outros esportes. É jornalista formado pelo Mackenzie e com MBA em Gestão e Marketing Esportivo

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