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Empreendedor defende fazer esportes radicais, como pular de penhascos, para perder medo nos negócios

Gabriel Farrel, CEO da rede de pizzarias Borda & Lenha, viu empresa crescer 190% no ano em que começou a fazer base jump, jogando-se do alto de prédios e montanhas

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Foto do author Adele Robichez
Atualização:

A pequena empresa do carioca Gabriel Farrel, 29, cresceu mais de 190% em 2023. Ele abriu 20 franquias, e a rede de fast-pizza Borda & Lenha, com sede no Rio de Janeiro, alcançou um faturamento de R$ 10 milhões no ano. Isso aconteceu depois que ele passou a, literalmente, pular de penhascos para perder o medo de assumir riscos nos negócios.

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Farrel começou a praticar semanalmente o base jump, um esporte radical primo do paraquedismo, no início do ano passado. Ele pula do topo de prédios, antenas, montanhas e pontes com o auxílio de um paraquedas para baixas altitudes, que precisa abrir cerca de três segundos após o salto. Depois, são mais alguns poucos segundos para decidir onde pousar – às vezes, entre dois postes na calçada de uma rua.

“No base jump, não tem como pensar em loja, campanha… a adrenalina sobe e você é tomado pelo momento, tem que focar na respiração, no treinamento, na estratégia, e se conectar com o presente. Hoje entendo que essas descargas de adrenalina são necessárias para seguir como empreendedor, ativar a parte da mente que me dá novas ideias. Por mais que seja radical, me tira da pressão do trabalho”, avalia.

Gabriel Farrel, CEO da Borda & Lenha, se joga de prédios e montanhas para tomar coragem de assumir riscos no seu negócio. Foto: Arquivo Pessoal

Desde criança, Farrel pratica surfe. Pequeno, já gostava da sensação de adrenalina e passava as tardes assistindo a vídeos de paraquedismo, fascinado com o que via. Aos 12 anos, se lançou no motocross, corridas de motocicleta ao ar livre, em terrenos acidentados. Aos 15, fez um curso de paraquedismo. Hoje ele também salta de aeronaves.

O radicalismo o ensinou a ser mais corajoso e a avançar os planos para o seu negócio. “Fortaleceu muito a minha mentalidade empreendedora, me ensinou a passar por desafios sem o medo ou a dúvida dominarem, me deixarem parado ou me fazerem não tirar as ideias do papel. Quando me envolvi mais com esses tipos de esporte, não tive mais receio de tocar novas ideias, fazer novas parcerias”, conta.

Em 2021, quando já praticava paraquedismo – um esporte menos arriscado e extremo do que o base jump, por ter mais tempo para tomar decisões a mais de 3,5 quilômetros de altura e com uma estrutura mais adequada para o pouco e o salto –, ele participou do reality de empreendedorismo Shark Tank Brasil.

No programa, grandes empresários atuam como jurados e avaliam o conceito de pequenos negócios para decidir se querem investir.

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Nervoso para fazer sua apresentação, ele pensou consigo mesmo: “Eu pulo de penhascos, vou ter medo disso?”. Assim, conquistou a parceria do empresário José Carlos Semenzatto, presidente da SMZTO Holding de Franquias Setoriais, e do ator Felipe Titto. Naquele ano, o número de unidades da Borda & Lenha cresceu 650%.

“Colocar-se à prova e tentar algo novo, especialmente nesses esportes, parece ser arriscado, mas quando sente o ambiente, se acostuma. O medo passa a ser só mais um fator atrelado ao mundo empresarial, e não um fator de decisão para te deixar travado”, observa Farrel.

Para os executivos e empresários que desejam se lançar nesse estilo de vida, ele recomenda atrelar o objetivo do negócio ao interesse pessoal.

“A primeira coisa é buscar um nicho atrativo, há vários tipos de salto, escalada. Todo mundo tem um sonho de criança, um instinto a seguir. Não adianta se jogar de um prédio se isso não te gera interesse. O ideal é frequentar o ambiente para se sentir parte, entender o esporte, e depois dar os primeiros passos de risco”, diz.

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Farrel tem visto cada vez mais executivos apostando em esportes no tempo livre, como o kitesurfe e o paraquedismo, esportes que demandam um investimento financeiro alto. “É necessário para a capacitação e autoconfiança”, sugere.

Além de assumir mais riscos, o empresário acredita que desenvolveu uma capacidade mais apurada de análise e resiliência. “No esporte, preciso do momento certo, ver se o clima está apto para fazer o salto. Caso contrário, deixo para outro dia. Na empresa, a mesma coisa”, destaca.

“Há um ‘timing’ para que o ecossistema colabore. Se não tiver isso no esporte, se o tempo estiver ruim, posso morrer. Quando eu tento fazer algo novo na empresa, levo todo mundo para a beira do penhasco e jogo junto comigo”, analisa.

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A Borda & Lenha conta com 50 unidades em operação no Brasil, e pretende chegar a 100 unidades em 2024. O empresário espera chegar a R$ 30 milhões de faturamento até o fim do ano.

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