RIO - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, assinou nesta terça-feira, 23, uma portaria que cria o Grupo de Trabalho Empoderamento Negro para a Transformação da Economia. A iniciativa visa “estudar e propor medidas de fortalecimento das atividades do BNDES no que se refere às questões de equidade racial”.
O grupo vai mapear, analisar e apresentar propostas para adequar a atuação do BNDES segundo a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e o Estatuto da Igualdade Racial e legislações correlatas.
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Também serão propostas medidas para promover e impulsionar a diversidade, a equidade e a inclusão da população negra não apenas no banco de fomento, mas pelo País.
Mercadante defendeu a adoção de políticas públicas que avaliem e até bonifiquem a inclusão e o empoderamento de negros nas empresas brasileiras, a exemplo do que foi adotado na África do Sul.
Ele afirmou que o banco unirá acadêmicos, pesquisadores e ativistas para elaborar um texto que possa ser levado à Organização das Nações Unidas (ONU) para incluir a questão da igualdade racial nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“Vamos pedir reunião com todos os embaixadores da África no Brasil”, declarou. “Vamos colocar isso para uma mudança de patamar dessa questão na ODS.”
Durante o anúncio, Mercadante homenageou o jogador Vini Jr., do Real Madrid, alvo novamente de racismo na Espanha. “Vinicius Jr., neste momento em que o ódio e a ignorância tomam conta dos estádios da Espanha, estamos juntos contigo na busca de uma sociedade antirracista. Este é um momento para nos inspirarmos em Nelson Mandela que, com coragem, superou a prisão até ser presidente da África do Sul”, dizia a nota de desagravo lida por ele durante o evento “Empoderamento Negro para Transformação da Economia”, promovido pelo banco em sua sede, no Rio de Janeiro.
Mercadante afirmou que o evento é o primeiro a tratar o tema da igualdade racial, empoderamento dos negros e combate ao racismo em toda a existência do banco de fomento. “Peço desculpas pelo silêncio histórico”, afirmou.
O BNDES incluirá a abordagem à igualdade racial com questões sobre equidade de gênero. “O banco agora tem que pensar o futuro, tem que estar liderando a agenda da crise climática”, disse. “Mas vai ter que colocar a questão racial também no centro da discussão, que vai passar a fazer parte das decisões do banco a partir deste seminário.”
Museu no Cais do Valongo
O BNDES anuncia ainda nesta terça-feira medidas relativas à criação de um museu no Cais do Valongo, nomeado Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, na região portuária do centro do Rio de Janeiro. O anúncio terá a participação da ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, e do presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues.
“O BNDES não vai vir com um museu pronto de cima pra baixo. Vamos colocar recursos pra fortalecer o que já existe”, explicou Mercadante.