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BNDES cria grupo de trabalho para promover inclusão da população negra após caso de Vini Jr.

Presidente do banco, Aloizio Mercadante citou a adoção de políticas públicas para empoderamento de negros nas empresas como exemplo para o País

Por Daniela Amorim (Broadcast)

RIO - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, assinou nesta terça-feira, 23, uma portaria que cria o Grupo de Trabalho Empoderamento Negro para a Transformação da Economia. A iniciativa visa “estudar e propor medidas de fortalecimento das atividades do BNDES no que se refere às questões de equidade racial”.

O grupo vai mapear, analisar e apresentar propostas para adequar a atuação do BNDES segundo a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e o Estatuto da Igualdade Racial e legislações correlatas.

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Também serão propostas medidas para promover e impulsionar a diversidade, a equidade e a inclusão da população negra não apenas no banco de fomento, mas pelo País.

Mercadante defendeu a adoção de políticas públicas que avaliem e até bonifiquem a inclusão e o empoderamento de negros nas empresas brasileiras, a exemplo do que foi adotado na África do Sul.

Ele afirmou que o banco unirá acadêmicos, pesquisadores e ativistas para elaborar um texto que possa ser levado à Organização das Nações Unidas (ONU) para incluir a questão da igualdade racial nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, foi alvo de ofensas racistas ao longo de toda a temporada, e de forma mais pronunciada por torcedores do Valencia, no último domingo Foto: AP Foto/Alberto Saiz

“Vamos pedir reunião com todos os embaixadores da África no Brasil”, declarou. “Vamos colocar isso para uma mudança de patamar dessa questão na ODS.”

Durante o anúncio, Mercadante homenageou o jogador Vini Jr., do Real Madrid, alvo novamente de racismo na Espanha. “Vinicius Jr., neste momento em que o ódio e a ignorância tomam conta dos estádios da Espanha, estamos juntos contigo na busca de uma sociedade antirracista. Este é um momento para nos inspirarmos em Nelson Mandela que, com coragem, superou a prisão até ser presidente da África do Sul”, dizia a nota de desagravo lida por ele durante o evento “Empoderamento Negro para Transformação da Economia”, promovido pelo banco em sua sede, no Rio de Janeiro.

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Mercadante afirmou que o evento é o primeiro a tratar o tema da igualdade racial, empoderamento dos negros e combate ao racismo em toda a existência do banco de fomento. “Peço desculpas pelo silêncio histórico”, afirmou.

O BNDES incluirá a abordagem à igualdade racial com questões sobre equidade de gênero. “O banco agora tem que pensar o futuro, tem que estar liderando a agenda da crise climática”, disse. “Mas vai ter que colocar a questão racial também no centro da discussão, que vai passar a fazer parte das decisões do banco a partir deste seminário.”

Museu no Cais do Valongo

O BNDES anuncia ainda nesta terça-feira medidas relativas à criação de um museu no Cais do Valongo, nomeado Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, na região portuária do centro do Rio de Janeiro. O anúncio terá a participação da ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, e do presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues.

“O BNDES não vai vir com um museu pronto de cima pra baixo. Vamos colocar recursos pra fortalecer o que já existe”, explicou Mercadante.

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