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Brasil e Argentina ensaiam reaproximação, mas posições ideológicas de Lula e Milei atrapalham

Período de ‘trégua’ na troca de ofensas entre os presidentes e cartas de Milei ao petista não foram suficientes para quebrar o distanciamento entre líderes de Brasil e Argentina

Foto do author Felipe Frazão
Foto do author Carolina Marins
Por Felipe Frazão e Carolina Marins
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - Os primeiros cem dias de Javier Milei como presidente da Argentina foram insuficientes para estabelecer uma aproximação e deslanchar o relacionamento com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. A relação entre os líderes vizinhos e rivais políticos, deteriorada por agressões e ofensas no ano passado, segue “congelada”, cercada de desconfiança.

Na gangorra entre os dois, os embates e provocações arrefeceram, mas ao menos no governo brasileiro a aparente trégua não desfez interrogações a respeito do libertário, um dos ícones da direita no continente.

A expansão desse movimento e sua expressão mais radical preocupa Lula, que chegou a pedir auxílio a peronistas para estudar o fenômeno na Argentina.

Diplomatas e analistas políticos observam que Milei, às voltas com problemas domésticos, mudou o comportamento nos últimos tempos, desde que assumiu o cargo. Ele deixou de lado a retórica da “casta vermelha” contra Lula e o Brasil, calibrada para inflamar apoiadores durante sua campanha para a Casa Rosada. O argentino parou de citar o petista como contraponto a seu ideário.

Javier Milei chegou a sugerir encontro com Lula em uma carta, mas agenda é incerta Foto: Agustin Marcarian

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Em campanha, Milei disse que Lula chegou a ficar preso porque era corrupto, acusou o petista de ser “comunista” e “totalitário” e de interferir na disputa eleitoral de 2023 para beneficiar os peronistas destronados após o fim do governo Alberto Fernández e a derrota do ex-ministro da Economia Sergio Massa.

Lula de fato apoiava Massa como podia, procurou facilitar empréstimos internacionais, recebeu visitas em série do ex-presidente argentino Alberto Fernández e enviou a Buenos Aires três marqueteiros e estrategistas de confiança do PT. Ele chegou a se referir a Milei em privado como “louco”. (leia abaixo a série de troca de farpas entre os dois)

Ficaram no ar pedidos de desculpas cobrados por ministros de Lula, mas ainda assim vistos como necessários para uma aproximação por assessores e conselheiros do Palácio do Planalto. Eles dizem que Milei “agrediu primeiro” e em público, por isso caberia a ele dar um passo para fazes as pazes. Mas reconhecem que o petista também devolveu as agressões.

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Um auxiliar de Lula, que despacha no Planalto, resume o status do relacionamento presidencial como “congelado” - não se agravou, mas também não evolui para quebrar o distanciamento. O palácio afirma que as provocações, contudo, não interessam a nenhum dos dois no momento.

3º encontro de chanceleres

Ninguém no governo brasileiro aposta em uma mudança de cenário sem um gesto público de Milei. O argentino chegou a enviar uma carta a Lula como convite para sua posse, em dezembro passado, mas o petista não compareceu - enviou o chanceler Mauro Vieira como seu representante. Na ocasião, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi tratado como convidado especial da cerimônia.

Os relatos de ambos os lados indicam que trabalhos de nível técnico, entre as burocracias dos dois países, vão bem, e que existe engajamento direto entre o ministro Mauro Vieira e a chanceler argentina Diana Mondino. Ela já veio ao Brasil duas vezes - e poderá pela voltar em abril para uma reunião mais ampla no Itamaraty, que vem sendo tratada entre as chancelarias.

Os dois ministros das Relações Exteriores fazem um papel de “zona de amortecimento” entre os presidentes e procuram manter canais de diálogo institucional constante.

Malvinas

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O Brasil fez ainda gestos que agradaram à Casa Rosada, como uma nota em apoio à reivindicação de soberania sobre as Ilhas Malvinas, em 3 de janeiro, data que marcou 191 anos de domínio britânico. Nas últimas semanas, Milei passou a levantar a bandeira nacionalista histórica da recuperação das Malvinas, após derrotas políticas internas que atrapalharam seus planos.

A “moderação” de Milei desperta cuidados por parte de Brasília. Os primeiros 100 dias de governo são considerados por embaixadores um período curto para fazer uma análise mais profunda. A interpretação de embaixadores é que o argentino está muito ocupado com revéses na agenda interna do país.

Petro e Maduro

O governo brasileiro notou os recentes embates de Milei com líderes de esquerda aliados políticos de Lula, como a disputa com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, por causa de um avião cargueiro apreendido em solo argentino e depois enviado para destruição nos Estados Unidos, e as recorrentes trocas de farpas com o presidente colombiano Gustavo Petro.

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“Não se pode esperar muito de alguém que era um assassino, terrorista, comunista”, disse Milei à CNN, sobre o governo colombiano. É a segunda vez que Milei se refere a Petro com tais termos. Os casos resultaram em crises diplomáticas de Buenos Aires com Caracas e Bogotá, inclusive com rompimento de laços, depois revertido no caso de Petro. A Argentina abriu a opositores de Maduro a embaixada do país em Caracas.

Em fevereiro, ele republicou postagens no X (antigo Twitter) sobre a mobilização convocada em defesa de Bolsonaro, na Avenida Paulista, com acusações da existência de uma “ditadura” no País e de que Lula era a favor do grupo terrorista Hamas, enquanto o ex-presidente apoia Israel - a exemplo do argentino.

O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, disse depois que o episódio não significava endosso. “Retuítes não validam uma opinião. Claro que ideologicamente o presidente tem diferenças com o presidente do Brasil, mas nada que possa interferir em nossas relações diplomáticas, comerciais, ou de nenhuma outra índole”, respondeu. “Não acredito que o que presidente Milei reposte ou manifeste em relação ao seu par brasileiro possa gerar conflito de nenhuma índole, além de marcar que estamos indo por um caminho e que talvez o presidente considere que Lula vai por outro”, disse o porta-voz.

Em março, ao falar sobre o discurso do ódio na política e riscos à democracia, Lula referiu-se a Milei como um representante do grupo “anti-sistema” e que “critica tudo”, durante um discurso em Porto Alegre (RS). Ele comparou o argentino a Bolsonaro.

Um integrante da Secretaria de Estado afirma que Milei claramente “curte o outro lado”, inclusive na política interna brasileira, e vem sendo usado como bandeira pelo bolsonarismo. Um conselheiro histórico de Lula afirma que a “amizade e relação pessoal ajudam muito” no entrosamento entre chefes de Estado, mas que não sabe como será ainda Lula-Milei.

Lula, por sua vez, costuma dizer que não exerce o cargo para ser “amigo” de nenhum outro chefe de Estado ou de governo, e se diz, em tese, disposto a dialogar com todos - tenha afinidade ideológica com seu homólogo ou não.

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Calendário de cúpulas

O primeiro encontro de trabalho entre eles - coisa que Milei desdenhou na campanha, mas depois disse aguardar - somente ocorrerá quando houver um “amadurecimento” político dos dois lados, reconhece o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli.

“Isso é uma coisa que ocorrerá no momento que estiver maduro. O importante é não cair numa espécie de armadilha de deixar a relação bilateral refém desse aspecto”, disse o embaixador em entrevista ao Estadão.

Segundo o diplomata, Milei recebeu um “choque de realidade” ao assumir o pode e agora o que se ouve do lado argentino é a intenção de explorar a relação com o Brasil. Ele diz que a classe dos industriais argentinos alertou Milei que o futuro da indústria dependia do Brasil. Ele enxerga uma decisão do governo argentino de não aprofundar as divergências com Lula e entende que os episódios foram dramatizados, o que avalia ser uma têndencia nas sociedades dos dois países.

Existe um calendário de reuniões possíveis, com agendas de fóruns multilaterais como o Mercosul, o G-7 (para o qual ambos foram convidados) e o G-20. Em cartas a Lula, Milei já afirmou que aguarda uma oportunidade de conversa presencial. Podem, ainda, estar ao mesmo tempo em Santiago, no Chile, para reunião de presidentes sul-americanos em meados de maio.

Papa

Para analistas argentinos, a atitude de Milei com Lula se assemelha aos embates que o libertário teve com o papa Francisco. Se na campanha ele se referiu ao pontífice (considerado por muitos o argentino mais importante, a frente do campeão mundial Lionel Messi) como a “reencarnação do maligno”, na presidência Milei foi filmado sorridente abraçando o santo padre no Vaticano.

“Tem ocorrido com as relações de Brasil e Argentina algo similar ao que aconteceu com a Santa Sé, em que houve atritos, palavras fortes com o Santo Padre e com o presidente Lula, mas agora há uma tendência a amenizar essa relação”, observa o cientista político e professor da Universidade de Buenos Aires, Facundo Galván. “Mas a verdade é que a política exterior de Milei com Lula não teve uma variação muito grande, mesmo com a retirada de Daniel Scioli como embaixador do Brasil”.

Scioli, que era embaixador durante o governo peronista e chegou a concorrer como presidente da Argentina em anos anteriores, foi mantido nas primeiras semanas de governo Milei, um gesto visto como bandeira branca pelo libertário. Mas, por razões políticas internas, Scioli foi substituído por Guillermo Daniel Raimondi.

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A tendência é que daqui pra frente Milei olhe menos para os seus vizinhos em termos políticos, por uma questão ideológica, aponta Facundo Cruz, diretor do observatório Pulsar e analistas de dados eleitorais. “A Argentina de Milei agora está olhando para as relações com os EUA, com o FMI, com Israel e a Ucrânia, e menos para Uruguai, Brasil ou Chile, inclusive Bolívia e Paraguai, que são os países limítrofes”.

“Não está muito claro ainda qual vai ser o rumo da relação entre a Argentina e o Brasil. Em termos institucionais, são os dois motores que empurram o Mercosul e, de alguma maneira, precisam ir de mãos dadas para que o bloco regional continue crescendo ou, ao menos, se mantenha”, completa.

O Brasil é o primeiro parceiro comercial da Argentina, seguido pela China - outra nação que Milei atacou na campanha. Já para o Brasil, a Argentina aparece em terceiro nos fluxos comerciais, atrás de China e EUA. Em 2023, a exportações para a Argentina passaram de R$ 80 bilhões, contra mais de R$ 50 bilhões em importações, uma balança comercial muito pautada pela indústria automotiva.

Relembre os principais entreveros entre Lula e Milei

Lula ‘totalitário’

Em entrevistas publicadas em setembro de 2023, o então canditado Milei afirmou que Lula tinha “vocação totalitária”, promovia “aberrações” em seu governo e que “não faria negócios com nenhum comunista”.

Lula por usa vez pediu que os eleitores “pensassem na Argentina” na hora de votar e associou Milei a riscos democráticos. Em discursos públicos, Lula afirmou que não era obrigado a gostar dos presidentes de países vizinhos e que a América do Sul vivenciava algumas “confusões”.

‘Louquinho, pior que Bolsonaro’

Durante uma visita de Sergio Massa a Lula, em 28 de agosto de 2023, o presidente brasileiro teria dito que “Milei é um louquinho, pior que o Bolsonaro”, durante uma reunião entre a delegação argentina e os brasileiros, no Palácio do Planalto.

O jornal La Nación revelou detalhes da passagem de Massa por Brasília, quando acertaram uma ajuda ao financiamento de exportações, estimado em US$ 600 milhões. Segundo o jornal, o próprio candidato peronista relatou que Lula era um “gênio” e “prometeu que nos ajudaria a vencer (Javier) Milei”.

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Essa ajuda seria o envio de especialistas em marketing político para atuar na campanha de Massa, porque, segundo Lula, seria necessário evitar que a direita ganhasse e um retrocesso de 40 anos. O Página 12 também relatou detalhes das conversas em Brasília, em que Lula disse a Massa que “fizesse o necessário para vencer”.

Empréstimo CAF e ‘casta vermelha’

Ainda na esteira da viagem de Massa à Brasília, uma reportagem da coluna de Vera Rosa no Estadão revelou que Lula agiu pessoalmente para tentar emprestar US$ 1 bilhão à Argentina via Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Sem conseguir controlar a inflação (que naquela época só beirava os 100% anual) e com uma dívida bilionária com o FMI - em um contexto de escassez de reservas - o presidente teria pedido à governadora do Brasil no banco, a ministra Simone Tebet, para fazer a transferência diretamente ao FMI.

O libertário reagiu imediatamente à reportagem, acusando Lula de agir contra a sua candidatura. “A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e agindo diretamente contra minha pessoa e meu espaço. A liberdade avança. Viva a liberdade c...”, escreveu Milei na rede social X (antigo Twitter).

Em outra frente de socorro, o governo Lula também combinou uma operação de US$ 600 milhões, com o objetivo de dar garantia a exportações brasileiras ao país vizinho. O Ministério da Fazenda chegou a planejar usar as reservas argentinas em yuan, a moeda chinesa, em financiamento de US$ 140 milhões, mas o plano mudou. O acerto em Brasília envolveu Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF).

Marqueteiros para Massa

Em agosto, logo após as eleições primárias que mostraram o potencial de reunir 30% de eleitorado por Milei, o então candidato e ministro Sergio Massa fez uma viagem ao Brasil, onde se reuniu com Lula e Fernando Haddad, ministro da Fazenda. A viagem foi o primeiro sinal de apoio do petista ao peronista, embora na época Massa tenha garantido que vinha ao Brasil em busca de dinheiro para a crise econômica do país.

Dias depois, uma equipe de marqueteiros que havia trabalhado na campanha do PT contra Jair Bolsonaro desembarcou em Buenos Aires para integrar o time de campanha do União pela Pátria (a chapa peronista). Em poucas semanas, a equipe redesenhou as propagandas de Sergio Massa, apostando na mesma dicotomia que se viu nas eleições de 2022 no Brasil: democracia versus autoritarismo; direitos versos repressão.

Na época, os libertários acusaram Massa e “os brasileiros” de criarem uma campanha de medo contra Milei, um adjetivo que a equipe de marqueteiros rejeitou. Às novas peças de campanha foram atribuídas parte do sucesso de Massa no primeiro turno das eleições, que surpreendeu em primeiro lugar.

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Janja, Mônica e Mafalda

Embora Lula tenha resistido a gravar vídeos para a propaganda Sergio Massa, o petista disse que o próximo presidente da Argentina deveria “gostar de democracia e do Mercosul” e “respeitar as instituições”, pouco antes do segundo turno, em novembro.

O PT divulgou nota em apoio a Massa, e a primeira dama, Janja da Silva, publicou no dia da votação decisiva uma ilustração com duas personagens conhecidas dos quadrinhos, Mônica e Mafalda, abraçadas com a inscrição “melhorará”.

A mulher de Lula escreveu: “Que Massa esse abraço”, uma clara referência ao candidato da esquerda. Já a família Bolsonaro entrou na campanha em prol de Javier Milei.

Não se reúne com Lula

A partir daí, os ataques de Milei direcionados a Lula começaram a crescer e se tornaram parte da “campanha de medo” de Massa contra o libertário, a quem acusava de querer romper relações com o maior parceiro comercial da Argentina, o que provocaria perda de empregos. No último debate na TV, Milei chegou a questionar: “Qual o problema se eu não falar com Lula?”.

Em uma entrevista que viralizou no Brasil, Milei foi questionado se encontraria Lula caso fosse eleito, o que respondeu que “não”. Na mesma conversa, ele voltou a chamar o brasileiro de “comunista” e concordou quando o apresentador questionou se era corrupto: “Óbvio, por isso foi preso”.

Já no poder, Milei enviou a Lula uma carta em que rejeitava aderir ao Brics - iniciativa impulsionada pelo Brasil - e dizia que esperava reunir-se com o petista.

Mercosul ‘estorvo’

O ápice dos atritos entre a futura Argentina de Milei e o Brasil se Lula se desenharam nos debates presidenciais antes do segundo turno. O libertário e Massa chegaram a bater boca ao vivo sobre as relações entre os dois países, ocasião em que Milei chamou o Mercosul de “estorvo”.

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Percebendo que sugerir o rompimento das relações com o Brasil poderia custar o eleitorado preocupado com seus empregos, Milei passou a suavizar o tom, explicando que, enquanto libertário, defendia que as relações fossem construídas diretamente por empresários e não mediadas pelo Estado.

“Sobre as mentiras de quem me acusa de dizer que não devemos comercializar com a China ou o Brasil, é falso. É uma questão do mercado privado e o Estado não tem porque se meter, porque cada vez que se mete gera corrupção”, afirmou Javier Milei, dizendo que seu adversário mentia. “Alberto Fernández também não falava com [o ex-presidente Jair] Bolsonaro”.

Convite para a posse

Uma vez eleito, Milei deu os primeiros sinais de que poderia ser menos agressivo contra o brasileiro do que foi na campanha. Poucos dias após o segundo turno, a recém apontada chanceler Diana Mondino desembarcou no Brasil onde se reuniu com o seu homólogo Mauro Vieira e entregou uma carta convidando Lula para a posse. O sim, porém, era improvável.

O problema foi que, antes, Milei já havia convidado Bolsonaro. “Recebi agora telefonema de Javier Milei, onde o cumprimentei pela vitória, bem como fui convidado para sua posse. Hoje a Argentina representa muito para todos aqueles que amam a democracia e respiram liberdade”, disse o ex-presidente nas suas redes sociais no dia seguinte à vitória do argentino.

No fim, Lula não foi à posse, enviando Vieira, que mal foi visto entre os convidados ilustres. Já Bolsonaro se sentou ao lado de líderes de Estado em exercício nas escadarias do Congresso enquanto Milei dava o seu primeiro discurso à nação. Um gesto que incomodou outros líderes, como Gabriel Boric do Chile. Bolsonaro só não saiu na foto oficial ao lado de Milei porque os demais líderes o barraram, revelou a imprensa argentina.

Retuítes bolsonaristas

Em fevereiro, ele republicou postagens no X (antigo Twitter) sobre a mobilização convocada em defesa de Bolsonaro, na Avenida Paulista, com acusações da existência de uma “ditadura” no País e de que Lula era a favor do grupo terrorista Hamas, enquanto o ex-presidente apoia Israel - a exemplo do argentino. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), acusou o libertário de espalhar mentiras e fazer “molecagem”.

O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, disse depois que o episódio não significava endosso. “Retuítes não validam uma opinião. Claro que ideologicamente o presidente tem diferenças com o presidente do Brasil, mas nada que possa interferir em nossas relações diplomáticas, comerciais, ou de nenhuma outra índole”, respondeu. “Não acredito que o que presidente Milei reposte ou manifeste em relação ao seu par brasileiro possa gerar conflito de nenhuma índole, além de marcar que estamos indo por um caminho e que talvez o presidente considere que Lula vai por outro”, disse o porta-voz.

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‘Milei anti-sistema’

Em março, ao falar sobre o discurso do ódio na política e riscos à democracia, Lula referiu-se a Milei como um representante do grupo “anti-sistema” e que “critica tudo”, durante um discurso em Porto Alegre (RS). Ele comparou o argentino a Bolsonaro.

“Quem é contra o sistema hoje, que critica tudo, é o Milei na Argentina. Até o Banco Central ele quer fechar, quer cortar tudo com o serrote. É aqui o Bolsonaro”, disse Lula.