Feira de operadoras de celular debate como internet vai moldar o futuro

Nos próximos seis anos, 6,3 bilhões de pessoas estarão conectadas à internet móvel ao redor do mundo e a quantidade de máquinas conectadas deve chegar a 15 bilhões, nas contas da GSMA, associação global de operadoras que organiza o evento

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)

Operadoras de celular, fornecedores, governos e outros agentes da indústria de internet móvel vão se reunir esta semana na maior feira de telecomunicações do mundo, a Mobile World Congress (MWC) 2024, que ocorre de 26 e 29 de fevereiro, em Barcelona, na Espanha. Para este ano, são esperados mais de 90 mil participantes, superando o público do ano passado. O evento é organizado pela GSMA, associação global que congrega 750 operadoras. O Estadão/Broadcast fará a cobertura presencial.

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O tema da MWC neste ano é “Future First” (“Futuro em Primeiro Lugar”, em tradução livre), em uma referência sobre como a internet rápida vai contribuir para o surgimento de inovações em diversos setores, da indústria ao varejo, da saúde à educação.

“O MWC não se trata mais apenas de uma feira de dispositivos móveis. Nós estamos celebrando o ecossistema mais amplo de agentes que são fundamentais para a transformação digital”, afirmou a diretora de marketing da GSMA, Lara Dewar, em entrevista. “O MWC terá vários espaços de exposição e palestras que destacarão as inovações que estão se desdobrando em vários setores”, contou.

Conexão total

De acordo com a GSMA, 6,3 bilhões de pessoas ao redor do mundo estarão conectadas à internet móvel até 2030, das quais 5 bilhões no 5G, sinal com velocidade 100 vezes superior à do 4G. Também é esperado um salto no número de máquinas conectadas, que devem chegar a 15 bilhões. Entram aí a geladeira de casa, colheitadeiras de fazendas, maquinários fabris e todos os tipos de drones.

Carro voador elétrico será uma das atrações da feira  Foto: Klein Vision/Divulgação

É justamente este universo de pessoas e máquinas conectadas que, cada vez mais, abrirá espaço para inovações. Um dos principais espaços da MWC 2024 é o chamado “Indústrias Conectadas”, com exposição de casos de conectividade habilitando novidades na aviação, mineração, agricultura, varejo, entretenimento, entre outras áreas. Esse mercado movimentou US$ 260 bilhões em 2020 e deve passar de US$ 700 bilhões em 2026.

Haverá, por exemplo, um pavilhão chamado “Jornada para o Futuro” com inovações que mudarão o comportamento de pessoas e empresas nos próximos anos. A norte-americana Alef Aeronautics, por exemplo, vai apresentar o seu carro voador elétrico, projetado para rodar na rua e para decolar pelos céus. Já a australiana Cortical Labs vai mostrar como é capaz de treinar células do cérebro humano para interagir com chips de computador.

O tema da inteligência artificial (IA) também estará presente em várias partes da programação, com discussões sobre como incorporar a nova tecnologia nos negócios e como evitar riscos não calculados. O grande destaque nessa área será a palestra de Demis Hassabis, cofundador e presidente da DeepMind, empresa britânica comprada pelo Google em 2014.

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Embora a MWC conte com uma lista extensa de startups, o grosso da programação permanece nas mãos das operadoras de celular e de seus fornecedores. O evento é encabeçado pelos grandes nomes globais da indústria, como Telefônica, Orange, Vodafone, China Telecom, Ericsson, Huawei, Nokia, Microsoft, Dell, Nvidia, Qualcomm, entre outras. Ao todo estão confirmados 2,7 mil expositores em seis pavilhões, com 17 palcos e 1,6 mil palestrantes.

Delegações do Brasil

Empresas e autoridades brasileiras também vão participar da MWC 2024. A maior comitiva é do projeto Brasil IT+, criado para divulgar empresas brasileiras de tecnologia no exterior. A delegação terá um estande com a divulgação de produtos e serviços de 21 empresas locais, como Agile, Positivo, Stefanini, entre outras. O projeto é organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pela Softex, organização social civil de interesse público.

“O MWC é um importante fórum para realização de negócios e para a discussão das novas tecnologias que irão moldar o futuro da indústria. Nossa expectativa é de que o evento gere cerca de US$ 10 milhões em negócios para a nossa delegação”, destacou Jéssica Dias, líder de Projetos Internacionais na Softex.

Todas as três grandes teles nacionais - Vivo, TIM e Claro - também enviarão seus executivos para lá. Pela primeira vez, haverá também uma delegação de pequenos provedores de banda larga fixa, organizada pela associação setorial, a Abrint.

Do lado do governo, estarão presentes membros da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Ministério das Comunicações, que vão acompanhar o evento como observadores.

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