Museu do MMDC ganha espaço para sede perto da Paulista; veja onde é

Local está sendo adequado para receber o acervo e a sede administrativa. Sociedade de Veteranos assinou termo com a Subprefeitura da Sé

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Um importante acervo da Revolução de 1932 será exposto ao público em um dos pontos mais icônicos da capital paulista. A Sociedade de Veteranos de 32 (MMDC) assinou termo de cooperação com a Subprefeitura Sé para a gestão do Mirante 9 de Julho, localizado atrás do prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

  • O mirante ocupa um espaço de cerca de 400 metros quadrados sobre os túneis da Avenida Nove de Julho, no coração de São Paulo. O local está sendo adequado para receber o acervo e a sede administrativa do MMDC.

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A Revolução Constitucionalista, um movimento armado iniciado em 9 de julho de 1932 e liderado pelo Estado de São Paulo, completa 92 anos nesta terça-feira, 9. Os paulistas se levantaram contra o autoritarismo do governo provisório de Getúlio Vargas para exigir uma nova Constituição para o País. Em 1º de outubro, o levante terminou com a rendição de São Paulo, mas a nova Constituição foi promulgada dois anos depois.

Na assinatura do termo de cessão do espaço, o MMDC ficou responsável pela manutenção do mirante, incluindo serviços de jardinagem, zeladoria, limpeza, segurança e administração. A entidade também se responsabilizou pela reforma do conjunto, incluindo escadarias e chafarizes, e pela instalação do Museu da História da Revolução Constitucionalista de 1932.

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O mirante ocupa um espaço de cerca de 400 metros quadrados sobre os túneis da Avenida Nove de Julho Foto: Felipe Rau/Estadão

O MMDC deve investir cerca de R$ 72 mil em três anos para remodelar o mirante e organizar os espaços expositivos. Em sua última ocupação, o conjunto foi utilizado pelo restaurante Mira, que tinha também uma proposta cultural.

“É um local histórico e emblemático, que antes abrigava um restaurante. O MMDC pleiteava um local para seu acervo e, como a cessão venceu e não foi renovada, o espaço nos foi cedido”, disse Rodrigo Gutenberg, pesquisador de História do MMDC.

Entre as peças que serão expostas estão capacetes de aço desenvolvidos especialmente para os combatentes paulistas, com base em modelos ingleses e franceses da Primeira Guerra Mundial. Granadas, munições, fardas e medalhas estarão em vitrines para serem visualizadas.

Entre os documentos, estão diplomas concedidos aos maiores doadores da Campanha do Ouro para o Bem de São Paulo – com o metal precioso foram comprados material bélico e munição para as tropas.

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Belvedere Trianon

O mirante foi inaugurado em 1938, junto com o túnel da Avenida 9 de Julho, mas ficou abandonado durante mais de 70 anos. A avenida, que recebeu esse nome em homenagem à revolução, passa pelo túnel cerca de 30 metros abaixo da Avenida Paulista.

Em 2015, após uma restauração, o local foi reaberto como centro cultural e passou a ser cedido para a iniciativa privada Foto: Marcio Fernandes/Estadão - 23/8/2015

O desnível possibilitou a construção da estrutura, com longas escadarias. A construção faz parte do complexo urbano conhecido no passado como Belvedere Trianon. O mirante e o túnel compõem com o Obelisco do Ibirapuera os principais símbolos paulistanos de 1932.

Em 2015, após uma restauração, o local foi reaberto como centro cultural e passou a ser cedido para a iniciativa privada, com a proposta de ocupar os espaços públicos ociosos da cidade.

Desde agosto de 2019, o mirante estava sob a gestão do restaurante Mira. Em dezembro de 2021, após passar 18 meses fechado em razão da pandemia de covid-19, o restaurante encerrou as atividades no local. O motivo alegado foi o fim de um termo de cessão entre o espaço cultural e a prefeitura. O local voltou a ficar abandonado até a nova cessão para o MMDC.

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A sigla é uma homenagem aos paulistas Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, que foram os primeiros mortos pela causa constitucionalista, em 23 de maio de 1932 .

O MMDC foi o responsável pela organização dos batalhões voluntários, serviço de reabastecimento, fornecimento de uniformes, calçados, agasalhos, mantimentos e correio militar. Durante o conflito, a organização coordenou uma campanha por todo o Estado de São Paulo para o alistamento voluntário.

Em agosto de 1932, a organização lançou a campanha do ouro visando arrecadar fundos para a compra de recursos bélicos para as tropas paulistas.

A Sociedade Veteranos de 32 – MMDC foi fundada em 1954 e passou a reunir o acervo da revolução. O primeiro espaço de exposição foi na Galeria Prestes Maia, em 1956. Em 1968, peças e documentos foram transferidos para um imóvel cedido pela prefeitura da capital, na rua Anita Garibaldi.

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Em 2015, o acervo foi transferido para o Obelisco do Ibirapuera, mas a reforma do local obrigou a saída do material. A maior parte dele foi abrigada no Parque Anhembi, onde se encontra atualmente.

Relíquias da Revolução de 1932 serão transferidas para futuro museu Foto: Alex Silva/Estadão

Ainda não há data para a abertura do Museu da História da Revolução. As obras de restauro do mirante devem começar nos próximos meses. A previsão do presidente do MMDC, Carlos Romagnoli, é que o acervo possa ser visitado no novo espaço ainda este ano.

Restos mortais de cinco ex-combatentes serão transladados para Mausoléu de 32

Os restos mortais de cinco personagens da Revolução de 1932 serão transladados nesta terça-feira, feriado de 9 de Julho, para o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, no Parque Ibirapuera.

A solenidade terá início às 9 horas. Em seguida, em frente ao monumento, acontece o desfile cívico-militar alusivo ao 92º aniversário da revolução. Participam as Forças Armadas, grupos de escoteiros, escolas, Polícias Civil e Militar, inclusive o Regimento de Polícia Montada ‘9 de Julho’.

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Serão homenageados com o translado cinco ex-combatentes, entre eles uma mulher, a heroína Ralli Vallim Bellocchi. Os demais são o soldado Ernani da Gama Corrêa, ex-combatente que também atuou como médico no socorro aos feridos, Heber de Mello Valente, Horácio Martins e Paulo Affonso Aquilini.

Os translados para o mausoléu ocorrem após o consentimento formal dos parentes dos ex-combatentes, que originalmente estavam sepultados em cemitérios, muitos deles em cidades do interior.

Oficialmente, 713 soldados perderam a vista durante o conflito em que os paulistas se levantaram contra o governo de Getúlio Vargas por uma nova constituição. Há 800 urnas funerárias dispostas no Mausoléu, onde estão sepultados também os corpos de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC), os mártires da revolução.

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